O concelho de Coruche, com 1121 km2 de área, é o décimo maior do país. Nesta região encontra-se uma das maiores e mais bem conservadas manchas florestais do território nacional, composta sobretudo por um misto de sobreiros e pinheiros. O concelho é atravessado pelo rio Sorraia e pelo seu principal afluente, a ribeira do Divor – ambos os cursos de água são ladeados por galerias ripícolas bem desenvolvidas. Numa grande parte do concelho, a densidade de ocupação humana é muito baixa, o que faz desta uma zona particularmente tranquila, bastante propícia à observação de aves.
Aves aquáticas:
garça-real, garça-branca-pequena, galinha-d’água, borrelho-pequeno-de-coleira
Grandes aves terrestres:
garça-boieira, águia-calçada, abibe, pombo-torcaz, cuco-canoro, coruja-do-mato, noitibó-de-nuca-vermelha, abelharuco, poupa, pica-pau-malhado, pica-pau-galego
Passeriformes:
cotovia-de-poupa, cotovia-arbórea, andorinha-das-barreiras, andorinha-dáurica, petinha-ribeirinha, carriça, pisco-de-peito-ruivo, rouxinol-comum, rabirruivo-de-testa-branca, rouxinol-bravo, felosa-poliglota, toutinegra-de-barrete, felosa-de-bonelli, felosa-ibérica, chapim-de-poupa, trepadeira-comum, trepadeira-azul, picanço-real, picanço-barreteiro, gralha-preta, estorninho-preto, bico-de-lacre, bengali-vermelho, pardal-francês, bico-grossudo, escrevedeira-de-garganta-preta, trigueirão
Visita:
Toda a área é percorrida por uma rede de estradas de terra batida que são facilmente acessíveis por automóvel. O percurso aqui sugerido, com cerca de 65 km de extensão, permite percorrer algumas dessas estradas e pode ser realizado em ambos os sentidos. Para melhor observar as várias espécies, poderá optar-se por realizar pequenos percursos a pé ou pontos de paragem.
Realizando o percurso no sentido dos ponteiros do relógio, deverá começar-se em Coruche e sair em direcção a leste, tomando a estrada para Erra. Os primeiros 10 km são asfaltados e a estrada segue a várzea do Sorraia. Ao longo deste troço é possível observar facilmente espécies típicas de zonas abertas, como a garça-boieira, o abibe, a cotovia-de-poupa e o picanço-real. Ao longo das valas observa-se, por vezes, o bengali-vermelho.
A seguir a Erra, a estrada vira para norte e começa a subir – entramos agora na zona florestal, que aqui é composta por bosquetes de pinheiro, eucalipto e sobreiro. A estrada deixa de ser asfaltada e a densidade de tráfego é muito reduzida, pelo que esta é uma zona pouco perturbada. Adicionalmente, apresenta o atractivo de ter poucas vedações, permitindo uma grande liberdade de movimentos. Esta parte do percurso é especialmente favorável para encontrar passeriformes florestais, destacando-se a trepadeira-azul e a cotovia-arbórea, que na Primavera podem ser ouvidas a cantar com frequência. O percurso passa por Feixe (um pequeno lugar com apenas três casas) e pelo radar meteorológico da Cruz do Leão. Uma visita nocturna a este local permitirá facilmente ouvir a coruja-do-mato e, na Primavera, o noitibó-de-nuca-vermelha.
Ao fim de mais alguns quilómetros, surge um cruzamento, com a indicação “Santa Justa”, devendo seguir-se esta estrada até à localidade com o mesmo nome. Seguidamente passamos a estreita ponte sobre o rio Sorraia, onde vale a pena fazer uma paragem (de preferência na margem sul, onde a luz é mais favorável). Este local é frequentado por inúmeras aves aquáticas e ribeirinhas, destacando-se: na Primavera, a andorinha-das-barreiras, o borrelho-pequeno-de-coleira e o rouxinol-grande-dos-caniços; no Inverno, a petinha-ribeirinha e o guincho-comum; e em qualquer época do ano, a garça-real, a garça-branca-pequena, o rouxinol-bravo e o exótico bico-de-lacre.
Depois de passar o Couço, segue mais ou menos a direito atravessando uma zona florestal um pouco menos densa; após alguns quilómetros, o caminho começa a descer e cruza transversalmente a ribeira do Divor, através de uma ponte nova (construída em 2014 e que veio substituir a antiga, que se encontrava em mau estado). Neste local a ribeira é larga e tem zonas de cascalheira, sendo habitual ver-se aqui o borrelho-pequeno-de-coleira e a andorinha-das-barreiras. O percurso prossegue novamente por zonas de montado. Aqui é possivel encontrar a felosa-de-bonelli, o rabirruivo-de-testa-branca e o pica-pau-galego, juntamente com outras espécies mais comuns. Ao fim de mais alguns km surge um pequeno açude, que alberga galinha-d’água e, por vezes, garças. No final do percurso aparece um pequeno troço asfaltado, chegando-se então a Santana do Mato, onde é possível regressar a Coruche pela N114.
Melhor época: Primavera (Março a Junho)
Distrito: Santerém
Concelho: Coruche
Onde fica: No extremo sueste do Ribatejo, quase na transição para o Alto Alentejo. O concelho é servido por várias estradas nacionais importantes, destacando-se a N114 que liga Santarém a Montemor-o-Novo, a N119 que faz a ligação ao Montijo e a Lisboa e a N251 que segue para leste até Mora e Vimieiro.