Enquadrada por blocos de granito e carvalhais de carvalho-negral, esta barragem situa-se numa zona especialmente rica e com uma envolvente de grande beleza. Contrariamente a outras barragens do Alentejo, a barragem da Póvoa não costuma atrair um grande número de patos, mas é um bom local para observar o mergulhão-de-crista e as zonas envolventes oferecem um excelente leque de espécies nidificantes.

Albufeira da Póvoa. Enquadrada por blocos de granito e carvalhais de carvalho-negral, esta barragem situa-se numa zona especialmente rica e com uma envolvente de grande beleza.
Albufeira da Póvoa. Enquadrada por blocos de granito e carvalhais de carvalho-negral, esta barragem situa-se numa zona especialmente rica e com uma envolvente de grande beleza.

Visita:

A zona a visitar compreende o paredão, a albufeira e os terrenos envolventes da barragem.

A estrada 1007 atravessa inicialmente alguns terrenos agrícolas, que são habitualmente frequentados pela pega-rabuda e pela cotovia-montesina – esta última pousa frequentemente nos muros junto à estrada. O trigueirão é frequente nos campos envolventes, que são igualmente frequentados pela codorniz e pelo alcaravão. No início da Primavera, este é um bom local para observar o cuco-rabilongo. Ao longo da estrada há pequenas manchas de giesta, onde ocorre a toutinegra-tomilheira. Junto aos pequenos eucaliptais é possível ouvir, ao crepúsculo, o canto do noitibó-de-nuca-vermelha. Durante os meses de Inverno podem ser vistos pequenos bandos de pardal-espanhol e alguns abibes.

Um pouco mais adiante, surge a ponte sobre a Ribeira de Nisa – aqui é possível estacionar do lado esquerdo, cerca de 100 metros antes da ponte, prosseguindo a pé até ao tabuleiro, a fim de prospectar as margens da ribeira. O nível de água nesta ribeira é muito variável e em anos secos apenas se vê uma linha de água enquanto que noutros o plano de água da albufeira chega até aqui. Este local é especialmente interessante no Inverno, época em que é frequente observar-se a narceja-comum, o maçarico-bique-bique e a petinha-ribeirinha (quando o nível de água está muito baixo, estas aves apenas são observáveis cerca de 1 km mais adiante, junto ao plano de água). Outras espécies que habitualmente ocorrem junto à ponte incluem o guarda-rios e a andorinha-das-rochas.

A estrada prossegue ao longo da margem esquerda da albufeira, havendo diversos pontos de paragem e caminhos de terra para a direita, que permitem observar os vários recantos do plano de água, onde ocorre mergulhão-de-crista, bem como o corvo-marinho-de-faces-brancas, o pato-real, a garça-branca-pequena e a garça-real, para além das limícolas já referidas. Durante a Primavera e o Verão, o borrelho-pequeno-de-coleira é uma presença regular ao longo das margens, o milhafre-preto pode ser visto a voar sobre a albufeira e a águia-calçada também é vista com frequência.

De um lado e de outro da estrada começam a surgir carvalhais, que são frequentados pela trepadeira-comum, pela trepadeira-azul e, na Primavera, e pelo picanço-barreteiro.

Por fim chega-se ao paredão da barragem – o melhor local de estacionamento fica do lado nascente do paredão, junto aos enormes eucaliptos. Este é um sítio privilegiado para observar o mergulhão-de-crista, que é uma presença constante nesta albufeira (ocasionalmente chegam a ver-se, no Inverno, até 40 indivíduos). Os rochedos ao longo da margem servem geralmente de pouso ao corvo-marinho-de-faces-brancas e à garça-real, enquanto que a andorinha-das-rochas voa frequentemente junto ao paredão, procurando os insectos de que se alimenta. Os quatro enormes eucaliptos servem de suporte a ninhos de cegonha-branca, por baixo dos quais há uma pequena colónia de pardal-espanhol. Este é também um bom local para observar a andorinha-dáurica na Primavera. Os estorninhos-pretos são frequentes nas imediações.

Uma pequena estrada desce, por entre o arvoredo, até à base do paredão, onde a vegetação se adensa e forma uma galeria ripícola ao longo da ribeira. Aqui ocorre habitualmente o pisco-de-peito-ruivo (que é pouco comum no Alentejo durante a época de reprodução), bem como diversas outras espécies típicas de zonas ripícolas, tais como o rouxinol-comum, a carriça, o rouxinol-bravo e a felosa-poliglota. O canto do papa-figos pode ouvir-se neste local durante os meses de Maio e Junho.

O percurso de regresso pode ser feito pelo lado oriental da barragem, usando a estrada M525 que liga Póvoa e Meadas a Castelo de Vide. Prossegue-se então até ao próximo cruzamento e vira-se à direita, virando novamente à direita no cruzamento seguinte. A estrada prossegue agora por carvalhais bem desenvolvidos, que são frequentados pela pega-azul. Nesta zona ocorrem também algumas aves de rapina, como a águia-cobreira e o bútio-comum.

Melhor época: Março a Junho

Distrito: Portalegre
Concelho: Castelo de Vide
Onde fica: no norte alentejano, cerca de 10 km a noroeste de Castelo de Vide e 25 km a norte de Portalegre. Partindo de Castelo de Vide, toma-se a N246 para oeste em direcção a Alpalhão. Depois de passar o cruzamento com a estrada para Portalegre, vira-se à direita pela estrada municipal 1007, seguindo a indicação de “Barragem da Póvoa”.