Enquadrada por blocos de granito e carvalhais de carvalho-negral, esta barragem situa-se numa zona especialmente rica e com uma envolvente de grande beleza. Contrariamente a outras barragens do Alentejo, a barragem da Póvoa não costuma atrair um grande número de patos, mas é um bom local para observar o mergulhão-de-crista e as zonas envolventes oferecem um excelente leque de espécies nidificantes.
Aves aquáticas:
mergulhão-de-crista, corvo-marinho-de-faces-brancas, garça-branca-pequena, garça-real, borrelho-pequeno-de-coleira, narceja-comum, maçarico-bique-bique, maçarico-das-rochas, guarda-rios
Grandes aves terrestres:
codorniz, cegonha-branca, milhafre-preto, águia-cobreira, águia-calçada, alcaravão, tarambola-dourada, abibe, cuco-rabilongo, noitibó-de-nuca-vermelha, abelharuco
Passeriformes:
cotovia-montesina, cotovia-arbórea, andorinha-das-rochas, andorinha-dáurica, petinha-ribeirinha, carriça, pisco-de-peito-ruivo, rouxinol-comum, cartaxo-comum, rouxinol-bravo, felosa-poliglota, toutinegra-tomilheira, toutinegra-de-bigodes, papa-figos, picanço-real, picanço-barreteiro, pega-rabuda, pega-azul, estorninho-preto, pardal-espanhol, bico-de-lacre, trigueirão
Visita:
A zona a visitar compreende o paredão, a albufeira e os terrenos envolventes da barragem.
A estrada 1007 atravessa inicialmente alguns terrenos agrícolas, que são habitualmente frequentados pela pega-rabuda e pela cotovia-montesina – esta última pousa frequentemente nos muros junto à estrada. O trigueirão é frequente nos campos envolventes, que são igualmente frequentados pela codorniz e pelo alcaravão. No início da Primavera, este é um bom local para observar o cuco-rabilongo. Ao longo da estrada há pequenas manchas de giesta, onde ocorre a toutinegra-tomilheira. Junto aos pequenos eucaliptais é possível ouvir, ao crepúsculo, o canto do noitibó-de-nuca-vermelha. Durante os meses de Inverno podem ser vistos pequenos bandos de pardal-espanhol e alguns abibes.
Um pouco mais adiante, surge a ponte sobre a Ribeira de Nisa – aqui é possível estacionar do lado esquerdo, cerca de 100 metros antes da ponte, prosseguindo a pé até ao tabuleiro, a fim de prospectar as margens da ribeira. O nível de água nesta ribeira é muito variável e em anos secos apenas se vê uma linha de água enquanto que noutros o plano de água da albufeira chega até aqui. Este local é especialmente interessante no Inverno, época em que é frequente observar-se a narceja-comum, o maçarico-bique-bique e a petinha-ribeirinha (quando o nível de água está muito baixo, estas aves apenas são observáveis cerca de 1 km mais adiante, junto ao plano de água). Outras espécies que habitualmente ocorrem junto à ponte incluem o guarda-rios e a andorinha-das-rochas.
A estrada prossegue ao longo da margem esquerda da albufeira, havendo diversos pontos de paragem e caminhos de terra para a direita, que permitem observar os vários recantos do plano de água, onde ocorre mergulhão-de-crista, bem como o corvo-marinho-de-faces-brancas, o pato-real, a garça-branca-pequena e a garça-real, para além das limícolas já referidas. Durante a Primavera e o Verão, o borrelho-pequeno-de-coleira é uma presença regular ao longo das margens, o milhafre-preto pode ser visto a voar sobre a albufeira e a águia-calçada também é vista com frequência.
De um lado e de outro da estrada começam a surgir carvalhais, que são frequentados pela trepadeira-comum, pela trepadeira-azul e, na Primavera, e pelo picanço-barreteiro.
Por fim chega-se ao paredão da barragem – o melhor local de estacionamento fica do lado nascente do paredão, junto aos enormes eucaliptos. Este é um sítio privilegiado para observar o mergulhão-de-crista, que é uma presença constante nesta albufeira (ocasionalmente chegam a ver-se, no Inverno, até 40 indivíduos). Os rochedos ao longo da margem servem geralmente de pouso ao corvo-marinho-de-faces-brancas e à garça-real, enquanto que a andorinha-das-rochas voa frequentemente junto ao paredão, procurando os insectos de que se alimenta. Os quatro enormes eucaliptos servem de suporte a ninhos de cegonha-branca, por baixo dos quais há uma pequena colónia de pardal-espanhol. Este é também um bom local para observar a andorinha-dáurica na Primavera. Os estorninhos-pretos são frequentes nas imediações.
Uma pequena estrada desce, por entre o arvoredo, até à base do paredão, onde a vegetação se adensa e forma uma galeria ripícola ao longo da ribeira. Aqui ocorre habitualmente o pisco-de-peito-ruivo (que é pouco comum no Alentejo durante a época de reprodução), bem como diversas outras espécies típicas de zonas ripícolas, tais como o rouxinol-comum, a carriça, o rouxinol-bravo e a felosa-poliglota. O canto do papa-figos pode ouvir-se neste local durante os meses de Maio e Junho.
O percurso de regresso pode ser feito pelo lado oriental da barragem, usando a estrada M525 que liga Póvoa e Meadas a Castelo de Vide. Prossegue-se então até ao próximo cruzamento e vira-se à direita, virando novamente à direita no cruzamento seguinte. A estrada prossegue agora por carvalhais bem desenvolvidos, que são frequentados pela pega-azul. Nesta zona ocorrem também algumas aves de rapina, como a águia-cobreira e o bútio-comum.
Melhor época: Março a Junho
Distrito: Portalegre
Concelho: Castelo de Vide
Onde fica: no norte alentejano, cerca de 10 km a noroeste de Castelo de Vide e 25 km a norte de Portalegre. Partindo de Castelo de Vide, toma-se a N246 para oeste em direcção a Alpalhão. Depois de passar o cruzamento com a estrada para Portalegre, vira-se à direita pela estrada municipal 1007, seguindo a indicação de “Barragem da Póvoa”.