Entre Montemor-o-Novo e Alcácer do Sal está situada uma das melhores zonas, fora das áreas protegidas, para observação de aves do sul do país. Trata-se da região de São Cristóvão, uma área essencialmente composta por montados e campos abertos e uma infinidade de açudes agrícolas, enriquecendo esta zona em termos ambientais e em variedade de espécies, tanto terrestres como aquáticas. Já aqui foram registadas cerca de 250 espécies de aves. E esta lista apenas enferma pelo reduzido número de birdwatchers que conhecem esta região.
Aves aquáticas:
ganso-do-egipto, frisada, marrequinha, pato-trombeteiro, pato-de-bico-vermelho, mergulhão-de-crista, mergulhão-de-pescoço-preto, garçote, garça-branca-grande, flamingo, borrelho-pequeno-de-coleira, borrelho-de-coleira-interrompida, galinhola, narceja-comum, narceja-galega, gaivina-dos-pauis
Grandes aves terrestres:
cegonha-preta, cegonha-branca, peneireiro-cinzento, milhafre-real, tartaranhão-dos-pauis, águia-de-bonelli, esmerilhão, sisão, alcaravão, abibe, tarambola-dourada, cuco-rabilongo, bufo-real, noitibó-de-nuca-vermelha, abelharuco, pica-pau-galego
Passeriformes:
calhandra-real, cotovia-montesina, laverca, andorinha-das-rochas, petinha-dos-campos, chasco-ruivo, melro-azul, rouxinol-grande-dos-caniços, toutinegra-de-bigodes, picanço-barreteiro, pega-azul, corvo, pardal-espanhol
Visita:
Toda a região pode ser percorrida de automóvel, devido aos oportunos caminhos de terra batida (em geral transitáveis) que passam na proximidade dos lugares mais interessantes do ponto de vista ornitológico.
Deve começar-se por atravessar a ponte sobre a ribeira, a sul de São Cristóvão, seguir em frente durante 700 m, cortando de seguida para um caminho florestal à esquerda (oeste). Um quilómetro depois desviar novamente para a esquerda e seguir para o açude da Tojeira, onde, sobretudo no período de Outono/Inverno, existe a possibilidade de observar, entre uma grande variedade de anatídeos, mergulhões, abibes e tarambolas, a cegonha-preta e a garça-branca-grande.
Depois, regressar pelo mesmo caminho e cerca de 250 m adiante deste desvio para o açude da Tojeira, deve virar-se para a direita, numa bifurcação no montado de sobro e seguir para para o açude dos Fartos. Na área de montado podem ouvir-se passeriformes, tais como o pardal-francês, o tentilhão ou trepadeiras. Este açude surgirá à direita do caminho, onde se deve fazer uma paragem e continuar a pé. O local é bom para observar o mergulhão-de-crista, uma grande variedade de anatídeos, tais como a marrequinha e o pato-trombeteiro, e a narceja-comum. Antes, porém, passa-se por uma zona descampada e recomenda-se uma paragem para tentar ver algumas rapinas, como a águia-cobreira ou a águia-calçada. Este local é uma das zonas mais ocidentais de Portugal onde observar a calhandra-real. Voltando ao caminho, onde deixámos a viatura, percorrendo mais dois quilómetros, atinge-se o açude da Caldeira, onde é possível observar o flamingo, borrelhos, várias espécies de anatídeos, mergulhões, garças, importantes bandos de tarambolas e abibes e, com alguma sorte, a águia-de-bonelli.
Voltando atrás (sobretudo para quem não tem uma viatura todo-o-terreno), cerca de 4 km para a bifurcação no montado acima citada, vira-se para a direita e segue-se durante dois quilómetros e meio até à herdade da Defesa, onde sugerimos uma paragem, na curva da antiga várzea de arroz, para continuar a pé à esquerda, durante cerca um quilómetro, por terrenos abertos até ao açude norte. À direita está o monte onde se encontra outro açude. Aqui é normalmente avistado o sisão, o cuco-rabilongo e duas espécies de peneireiros (vulgar e cinzento).
Após esta paragem e seguindo o mesmo caminho, durante cerca de 10 km, chegamos à estrada alcatroada, onde se vira à esquerda (Norte) em direcção a Casa Branca e onde, após se percorrer cerca de 2.5km, se chega ao açude do Poço da Rua. O açude está do lado esquerdo da estrada tornou-se conhecido, nos últimos anos, devido a algumas curiosidades que o visitam, tais como o mergulhão-de-pescoço-negro ou o zarro-castanho.
O itinerário descrito não esgota o potencial de São Cristóvão; o percurso a sul, que liga a localidade que titula este roteiro à barragem do Pego do Altar ou a zona situada a norte ao longo da estrada N253 poderá também ser uma boa opção a explorar, assim como os desvios para Santiago do Escoural e Foros dos Baldios.
Melhor época: sobretudo entre Outubro e Maio
Distrito: Évora e Setúbal
Concelho: Alcácer do Sal, Montemor-o-Novo e Viana do Alentejo
Onde fica: Para quem vem de Lisboa deve tomar a direcção de Montemor-o-Novo (pela A6) e seguir a estrada N 253 para Alcácer do Sal, ou a estrada N2/R2 para as Alcáçovas e seguir para Santiago do Escoural e depois desviar para a direita para S. Cristóvão ou continuar em frente para Casa Branca.