Entre o vale do rio Tejo e a Serra de São Mamede situa-se uma zona de planície dominada por giestas e alguns carvalhais. Do ponto de vista avifaunístico, esta zona é uma das mais ricas de todo o Alentejo e merece bem uma visita, pois aqui ocorrem algumas espécies interessantes.
Aves aquáticas:
corvo-marinho-de-faces-brancas, borrelho-pequeno-de-coleira
Grandes aves terrestres:
codorniz, garça-boieira, cegonha-branca, peneireiro-vulgar, alcaravão, tarambola-dourada, abibe, cuco-rabilongo, noitibó-europeu, noitibó-de-nuca-vermelha, andorinhão-pálido, abelharuco, poupa
Passeriformes:
cotovia-montesina, cotovia-arbórea, alvéola-cinzenta, cartaxo-comum, melro-azul, tordoveia, rouxinol-bravo, fuinha-dos-juncos, toutinegra-do-mato, toutinegra-tomilheira, trepadeira-azul, picanço-real, gaio, pega-rabuda, gralha-de-nuca-cinzenta, gralha-preta, estorninho-preto, pardal-espanhol, trigueirão
Visita:
O concelho de Nisa é percorrido por uma vasta rede viaria, que permite visitar os vários habitats existentes na zona. O principal eixo viario é a N18, que atravessa o concelho de norte para sul (ligando Vila Velha de Ródão a Crato e Alter do Chão), ao passo que a N359 atravessa o concelho de oeste para leste.
Saindo de Nisa para sul pela já referida N18 e percorrendo 11 km chega-se à vila de Alpalhão. Aqui existe uma grande colónia de andorinhas-dos-beirais, no depósito de água situado um pouco a sul do centro da localidade. Também vale a pena procurar o andorinhão-pálido, que nidifica muito perto do centro da vila. Cerca de um quilómetro para leste, em direcção a Castelo de Vide (ao longo da N246), surgem à esquerda dois postes de média tensão, feitos de cimento, que albergam uma pequena colónia de gralha-de-nuca-cinzenta.
Para oeste de Alpalhão, seguindo pelo IP2 chega-se a Gáfete (já no concelho do Crato). Aqui é possível explorar as zonas de matos para norte, que são um excelente local para observar o cuco-rabilongo e o alcaravão. Com um pouco de paciência, poderá descobrir-se uma toutinegra-tomilheira a cantar no topo de uma pequena giesta. Outras espécies fáceis de observar nesta zona incluem a fuinha-dos-juncos, o estorninho-preto e o trigueirão.
Voltando a Alpalhão, vale a pena tomar a estrada municipal 1176, que segue para noroeste. Ao longo deste percurso é possível observar facilmente o picanço-real, que pousa de forma conspícua nos fios eléctricos. No Inverno, esta zona é frequentada por bandos de abibes e por algumas tarambolas-douradas, que se alimentam nos campos, por vezes a poucos metros da estrada. Ao fim de alguns quilómetros passa-se por uma pedreira onde é frequente encontrar o melro-azul.
Finalmente, chega-se às Termas de Nisa. Este é um local aprazível onde é possível observar aves tranquilamente, sem a contínua presença de carros. Os bosques envolventes são dominados por sobreiros, azinheiras, carvalhos-negrais e alguns pinheiros. Entre as espécies mais frequentes nestes bosques refiram-se o tentilhão-comum, a trepadeira-azul e o gaio. Na Primavera, os enormes eucaliptos situados junto ao edifício das antigas termas têm geralmente alguns pardais-espanhóis.
Na parte nordeste do concelho situa-se a aldeia de Montalvão. Aqui a paisagem e dominada por sobreirais pouco densos com vastos estevais, alternando com manchas de eucalipto. A densidade de aves nesta zona é bastante baixa, mas podem ser encontradas algumas aves interessantes. Um dos melhores percursos consiste em sair de Montalvão para nordeste, seguindo as indicações “rio Tejo”. Alguns quilómetros mais adiante, pode virar-se à esquerda até à capela de Nossa Senhora dos Remédios – a estrada conduz ate à capela, mas e possível prosseguir mais alguns quilómetros por um caminho transitável, que atravessa sobreirais esparsos. Aqui ocorrem diversas aves características de zonas florestais com clareiras, como a poupa, a cotovia-arbórea, a tordoveia e a toutinegra-do-mato.
Voltando à estrada que sai de Montalvão em direcção ao Tejo, é possível prosseguir mais alguns quilómetros até à barragem de Cedilho. A travessia da barragem pode ser feita apenas ao fim-de-semana, não sendo permitida a paragem nem a circulação de peões, pelo que se sugere o estacionamento do lado esquerdo da estrada, imediatamente antes do paredão. Neste local é habitual ver-se a andorinha-das-rochas, a alvéola-cinzenta e, durante o Inverno, alguns corvos-marinhos-de-faces-brancas.
Melhor época: Primavera (Março a Junho)
Distrito: Portalegre
Concelho: Nisa
Onde fica: no norte alentejano, cerca de 50 km a leste de Abrantes. Para quem vem de Lisboa, deve tomar a A23 até Fratel (km 77), continuando depois pelo IP2 na direcção de Portalegre. Alguns km depois de passar a barragem de Fratel, vira-se à esquerda e toma-se a N364 até Nisa.