Eis a maior lagoa do litoral alentejano, formada pela retenção das águas das bacias hidrográficas circundantes por cordões dunares. Embora a ocupação humana na zona seja elevada, existem zonas desta lagoa com elevadas densidades de aves aquáticas, tornando este um local por excelência para a observação.

Vista da lagoa a partir do percurso da Casa do Peixe; este percurso permite observar patos e outras aves aquáticas

Visita:

Todas as visitas a este excepcional sistema lagunar devem contemplar a observação junto à lagoa propriamente dita, assim como efectuar o percurso na zona dos «poços». O que isto significa é que temos perante nós duas paisagens distintas: a lagoa e espaço envolvente, e os pequenos lagos e sistemas dunares associados.

A lagoa de Santo André acolhe populações numerosas de aves aquáticas, especialmente durante o Inverno. Encontram-se contingentes impressionantes de galeirão-comum, marrequinha, pato-trombeteiro, frisada e corvo-marinho-de-faces-brancas. Também o flamingo está presente nesta lagoa. Mais escassa mas ainda assim regular, é a presença de rapinas como a águia-pesqueira e o tartaranhão-dos-pauis, ou de anatídeos como o zarro-castanho, o zarro-comum, o zarro-negrinha ou o marreco. O pato-de-bico-vermelho, um dos ex-libris desta lagoa, está presente durante todo o ano, encontrando-se aqui as maiores concentrações de Inverno em Portugal. O acesso a um ponto elevado que permita abarcar todo o espelho de água constitui a melhor forma de observar as aves. Tomando como ponto de partida a aldeia de Brescos, saindo para oeste em direcção à praia e virando à esquerda após 1 km chega-se ao Monte do Paio, onde existe uma instalação do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (a recepção está aberta das 10 as 12 e das 14 as 16h30). A partir desde local sugere-se a realização do percurso pedestre que percorre a orla nascente da lagoa. Este percurso pode ser realizado a qualquer hora (mesmo estando fechada a recepção), sendo preferível realizá-lo de manhã, uma vez que a luz e mais favorável. Ao longo do percurso é possível observar a maioria das espécies de patos, bem como galeirões, garças, rapinas e alguns passeriformes. A andorinha-do-mar-anã também nidifica na área. O percurso termina no local denominado “Casa do Peixe“, junto a um enorme caniçal, onde na Primavera ocorrem a garça-vermelha, o pernilongo, a cigarrinha-ruiva e o rouxinol-pequeno-dos-caniços. Durante as passagens migratórias, podem ser avistadas uma variedade grande de migradoras, sendo este o local onde todos os anos são efectuadas campanhas de anilhagem de aves. Toda a área oriental da lagoa é envolvida por terrenos agrícolas e pequenas manchas de pinheiro-manso. Nestas manchas florestadas podem ser encontradas outras espécies, diferentes das típicas aves aquáticas que se encontram nas águas da lagoa, de que são exemplo a trepadeira-azul, o chapim-real, o pica-pau-verde e a recentemente colonizadora pega-azul. Para além deste habitat, existem também zonas agricultadas nas várzeas circundantes da lagoa, onde ocorrem algumas aves aquáticas sobretudo durante o Inverno, nomeadamente o maçarico-de-bico-direito, o maçarico-bique-bique, a narceja-comum e a íbis-preta, embora esta seja mais escassa.

 

O acesso aos pequenos lagos chamados «poços» faz-se a partir da estrada que leva à Praia do Porto das Carretas (esta estrada contorna a lagoa pelo lado sul) e, percorrendo o trilho que ali existe, podem ser avistadas um conjunto de aves florestais típicas dos pinhais costeiros, como o chapim-azul, o pica-pau-malhado e a trepadeira-comum, entre outros, bem como a ógea, esse falcão de tão difícil detecção. Nas pequenas lagoas chamadas «poços» ocorrem espécies como a garça-vermelha, o rouxinol-grande-dos-caniços, o pato-real e a galinha-d’água. A vegetação rasteira que cobre as dunas é apreciada pela toutinegra-do-mato e, no Inverno, pela ferreirinha-comum. Existe um observatório no final do percurso assinalado, junto ao ‘Poço dos Caniços’.

 

No extremo noroeste da lagoa, junto à Costa de Santo André, existe pouca vegetação, sendo esta zona sobretudo procurada por espécies como o borrelho-de-coleira-interrompida e a gaivota-argêntea. No Inverno também se observa aqui o mergulhão-de-pescoço-preto.

A lista de raridades reportadas na lagoa de Santo André é impressionante, o que faz deste um local privilegiado para os amantes da busca de espécies acidentais.

Melhor época: todo o ano

Distrito: Setúbal
Concelho: Santiago do Cacém
Onde fica: na costa alentejana, entre a península de Tróia e o cabo de Sines. A melhor forma de atingir este local, é tomar a via rápida IC4, que sai de Sines em direcção a Vila Nova de Santo André. Esta lagoa também pode ser atingida a partir de Grândola, seguindo pelo IC33 até ao nó denominado “Cruz de João Mendes” e seguindo depois as indicações para a lagoa de Santo André.