Repartida entre o Minho e Trás-os-Montes, a serra do Gerês integra o único parque nacional existente em Portugal. Com os seus mais de 1500 metros de altitude máxima, esta serra alberga uma avifauna interessante e variada, incluindo diversas espécies que não ocorrem no resto do país, o que, em conjunto com as magníficas paisagens, fazem com que este local seja de visita obrigatória para qualquer observador de aves.
Aves aquáticas:
mergulhão-de-crista, pato-real
Grandes aves terrestres:
águia-cobreira, tartaranhão-caçador, açor, rola-brava, andorinhão-preto
Passeriformes:
laverca, cotovia-arbórea, andorinha-das-barreiras, andorinha-das-rochas, petinha-das-árvores, alvéola-cinzenta, alveola-amarela, alvéola-branca, carriça, ferreirinha-comum, pisco-de-peito-ruivo, rabirruivo-preto, cartaxo-comum, melro-das-rochas, tordo-músico, tordoveia, papa-amoras, toutinegra-de-barrete, felosa-de-bonelli, felosa-ibérica, estrelinha-real, chapim-rabilongo, chapim-de-poupa, chapim-carvoeiro, trepadeira-azul, trepadeira-comum, picanço-de-dorso-ruivo, gaio, gralha-preta, pintarroxo, escrevedeira-amarela, sombria, cia, trigueirão
Visita:
A serra do Gerês estende-se por uma vasta área. Para a visitar, existem duas zonas distintas: por um lado, o sector central, situado na zona da vila do Gerês e seguindo para norte, a partir daqui, até à Portela do Homem; por outro lado, o sector oriental, situado já na região de Trás-os-Montes. A visita a cada um destes sectores é descrita separadamente.
a) Sector ocidental
Esta é a zona mais visitada do parque e é muito procurada aos fins-de-semana e durante os meses de Verão. Para poder observar aves de forma tranquila, recomenda-se uma visita nos dias úteis, de preferência de manhã cedo. O trajecto tem início em Vilar da Veiga, junto à albufeira da Caniçada, e é efectuado para norte, ao longo da N308-1. Passando a vila do Gerês e prosseguindo durante mais 4 km chega-se à Portela de Leonte, onde é possível fazer uma paragem. Aqui ocorrem diversos passeriformes, dos quais se destacam o chapim-carvoeiro e a estrelinha-de-cabeça-listada.
A estrada prossegue através da Mata de Albergaria, que é um bosque de folhosas em excelente estado de conservação. No entanto, quando o percurso é efectuado de automóvel é proibido parar, pelo que é preferível efectuar a visita a pé a partir da Portela de Leonte ou da Portela do Homem (ver abaixo). Ao longo deste percurso ocorrem o açor e a felosa-ibérica, assim como diversas outras espécies mais comuns.
Um pouco antes da Portela do Homem surge a ponte sobre o rio Homem. Neste ponto tem início um trilho que sobre o vale do rio Homem até ao coração da serra, nas Minas dos Carris. Nos primeiros quilómetros deste percursos, a avifauna é muito semelhante à que se encontra na Mata de Albergaria, mas à medida que se vai subindo aparecem espécies características de zonas mais elevadas, como a ferreirinha e a cia. Nas águas turbulentas do rio Homem e possível observar a alvéola-cinzenta.
a) Sector oriental
Na parte oriental da serra, já na província de Trás-os-Montes, o local mais
interessante para o visitante é o planalto da Mourela. Neste planalto, situado a cerca de 1200 metros de altitude, é relativamente fácil encontrar diversas espécies de aves que são raras no resto do território português. A parte mais interessante compreende o troço entre Pitões das Júnias e Tourém, onde praticamente não existem árvores. O fio telefónico que acompanha a estrada é frequentemente utilizado como pouso por picanços-de-dorso-ruivo, que estão presentes na área de meados de Maio a meados de Agosto. Outras espécies que podem ser vistas ao longo desta estrada incluem a laverca, a petinha-das-árvores, a alvéola-amarela, a ferreirinha-comum, o melro-das-rochas, a sombria e ainda outras espécies mais vulgares, como o cartaxo-comum, a gralha-preta e o pintarroxo.
Ao fim de alguns quilómetros a estrada começa a descer fortemente, até chegar a Tourém. Nesta zona é possível encontrar a rola-brava, o andorinhão-preto, o papa-amoras e diversos outros passeriformes. Do outro lado da aldeia, a ponte internacional atravessa a albufeira da Barragem de Salas, onde se pode observar o mergulhão-de-crista, o pato-real e a andorinha-das-rochas.
Do lado sul do planalto da Mourela, merece também uma visita a estrada para Pitões das Júnias. Ao longo desta estrada é possível encontrar paisagem agrícola em mosaico, sendo este um dos melhores locais para observar a rara escrevedeira-amarela. Outras espécies que aqui podem ser vistas incluem a rola-brava, a cotovia-arbórea, o picanço-de-dorso-ruivo e o trigueirão.
Para norte de Pitões, um caminho de terra (que pode ser percorrido de automóvel durante um ou dois quilómetros) conduz às fragas da Fonte Fria, visíveis à distância. Este percurso atravessa boas manchas de carvalhal e é excelente para observar passeriformes, com destaque para a felosa-de-bonelli, que aqui é bastante frequente. Outras espécies comuns ao longo deste percurso são: o pisco-de-peito-ruivo, a toutinegra-de-barrete-preto, a felosa-ibérica e o chapim-carvoeiro.
Melhor época: Maio a Julho
Distrito: Braga e Vila Real
Concelho: Terras do Bouro e Montalegre
Onde fica: no noroeste do país, cerca de 50 km para nordeste de Braga.
- Acesso ao sector ocidental: é feito através da N308-1 por Vilar da Veiga, passando pela vila do Gerês e seguindo para norte em direcção à Portela do Homem. Nota: nos meses de Junho a Setembro, o atravessamento da Mata de Albergaria em automóvel (entre Portela do Leonte e Portela do Homem) durante o horário diurno implica o pagamento de uma taxa de acesso de 1,50 €. O acesso pedonal é gratuito, assim como o atravessamento de automóvel fora do horário de cobrança (este estende-se geralmente das 11 às 18 horas, mas pode ser alargado aos fins-de-semana).
- Acesso ao sector oriental: deve seguir-se pela N103, que liga Braga a Chaves, saindo em Covelães pela estrada de Tourém.