O Concelho de Estarreja possui uma extensa frente lagunar com a Ria de Aveiro (com um gradiente de proximidade em relação ao canal principal da Ria) concentrando diversos habitats recortados por múltiplos esteiros e valas num jogo de águas doces e salgadas que lhe conferem uma sublime beleza paisagística. Um mosaico de ambientes aquáticos e terrestres representados pelos Rios Antuã e Jardim, arrozais, o “Bocage” e campos agrícolas, em plena harmonia com habitats de transição como sapais, caniçais, lamas entre marés e juncais.

A Freguesia de Salreu apresenta os arrozais mais a norte do país, bem como uma das mais importantes manchas de caniçal, sinónimos de uma rica e variada avifauna, incluindo algumas espécies com maior representatividade no panorama nacional. Nas vizinhas freguesias mais a sul, Canelas e Fermelã, é possível encontrar o raro e genuíno habitat denominado “Bocage”, apresentando uma valiosa e bem conservada galeria ripícola que alberga um vasto conjunto de espécies.

Entre os arrozais e o caniçal no Percurso de Salreu

Visita:

Todos estes habitats são contornados por caminhos de terra batida pertencentes à Rede de Percursos Pedestres do Projecto BioRia permitindo um contacto muito próximo com as aves. Iniciando a visita ao Percurso de Salreu (circular) pelo segmento norte, onde se encontra o Centro de Interpretação Ambiental (CIA) percorridos 300m aparecem os primeiros arrozais que acompanham o percurso até ao km 3, onde é possível observar através do amplo campo visual inúmeras espécies que aqui procuram alimento, nomeadamente: garça-vermelha, colhereiro, íbis-preta, garçote, maçarico-bique-bique, cegonha-branca, garça-branca-pequena e garça-real. Do km 3 até ao km 6,5 encontramos uma das maiores manchas de caniçal do país onde é possível facilmente observar um vasto conjunto de espécies, como por exemplo o tartaranhão-dos-pauis, escrevedeira-dos-caniços, pisco-de-peito-azul, felosa-unicolor, passando durante este segmento pela foz do esteiro de Salreu e Canelas nas denominadas “águas largas” onde é possível observar através deste braço da ria de Aveiro espécies como a águia-pesqueira (na zona de lamas-entre-marés), bem como a gaivina-dos-pauis e o borrelho-pequeno-de-coleira (nos arrozais). Durante as passagens migratórias, o maçarico-galego surge em números consideráveis. Até ao final do percurso cerca do km 8 é possível encontrar inúmeras árvores secas e juncais onde facilmente se observam várias aves de rapina como o peneireiro-cinzento, o bútio-comum e o milhafre-preto.

 

Mais a sul nos percursos de Canelas e Fermelã, os campos agrícolas (incluindo o bem conservado e raro “Bocage”) a cerca de 1 km em linha recta do início do Percurso de Salreu estendendo-se mais para sul 2 km, permitem observar através dos trilhos assinalados, espécies como o papa-amoras, o cuco-rabilongo, a ógea, a toutinegra-do-mato, a felosa-poliglota e o torcicolo.

Todos os percursos estão homologados e sinalizados de acordo com as normas da FCMP, estando distribuídos placares informativos em cada km com as principais espécies que ocorrem na área envolvente.

Melhor época: informação não disponível

Distrito: Aveiro
Concelho: Estarreja
Onde fica: A rede de percursos pedestres está localizada na zona baixa do Concelho conhecida como Baixo Vouga Lagunar, indicando a proximidade da Foz do Vouga e do canal principal da Ria de Aveiro. O ponto de recepção dos visitantes é o CIA em Salreu podendo ser disponibilizados binóculos e material de apoio à visitação. Para quem preferir deslocar-se de comboio a localização é privilegiada uma vez que a ligação ferroviária da Linha Urbana Porto – Aveiro separa a zona baixa do Concelho da zona de habitação com diversos apeadeiros e estações muito próximos dos percursos (A paragem mais próxima do CIA que coincide com o início do percurso de Salreu é o Apeadeiro de Salreu a 700m). De carro apanhando a A1 – A29 (saída Estarreja -Sul) – N109 – Rua do Cadaval. GPS N 40º 43’ 57.1” | W 8º 34’ 7.3”.
Mais informações: www.bioria.com