Situada perto do local em que o Rio Guadiana entra em Portugal, a cidade fronteiriça de Elvas situa-se numa região com uma avifauna muito variada e constitui um bom ponto de partida para explorar o interior alentejano. A paisagem compreende terrenos agrícolas e florestais, mas também aqui ocorre um bom lote de aves aquáticas, muitas das quais são raras no interior do território.

As ruínas da velha Ponte da Ajuda, nas margens do Guadiana, são utilizadas pela gralha-de-nuca-cinzenta

Visita:

A cidade de Elvas é o ponto de partida ideal para explorar esta região. Vale a pena visitar a zona histórica, onde durante a Primavera e o Verão é habitual ver-se o andorinhão-pálido. A partir daqui toda a região pode ser explorada usando as várias estradas que saem radialmente.

Para sul, a estrada de Olivença conduz até às ruínas da Ponte da Ajuda, situadas nas margens do rio Guadiana. O plano de água da albufeira de Alqueva chega até aqui e este local é hoje bastante rico em aves aquáticas; um dos grupos mais bem representados e o dos ardeídeos – podem ver-se a garça-real, a garça-branca-pequena, a garça-boieira, a garça-nocturna e, ocasionalmente, a garça-vermelha. Também é habitual verem-se alguns corvos-marinhos-de-faces-brancas – esta espécie ocorre na área ao longo de todo o ciclo anual. Outras aves aquáticas que aqui ocorrem na Primavera são a gaivina-de-bico-preto e a andorinha-do-mar-anã. O milhafre-preto pode por vezes ser visto a patrulhar as águas.
Vale também a pena observar as ruínas da velha ponte, que são frequentadas por bandos de gralhas-de-nuca-cinzenta. Estas aves mexem-se em bandos ruidosos e pousam frequentemente na ponte, sendo por isso fáceis de observar. A ponte nova é frequentada por diversas espécies de andorinhas, nomeadamente a andorinha-dos-beirais (que tem aqui uma grande colónia), a andorinha-dáurica e a andorinha-das-rochas. No Rio Guadiana podem ver-se a andorinha-das-barreiras, a alvéola-cinzenta, a alvéola-branca e o rouxinol-bravo. Ao longo da estrada que conduz a Elvas podem ver-se diversos passeriformes característicos de espaços mais abertos, como a cotovia-de-poupa, a fuinha-dos-juncos, o picanço-real ou o trigueirão.

Voltando para trás e virando à direita na primeia estrada asfaltada, chega-se à Torre de Bolsa (que é na realidade um lugar à beira da estrada). Outrora coberta por arrozais, esta zona tem hoje sobretudo campos lavrados ou cultivados. Aqui é fácil observar a cegonha-branca, a garça-boieira, a cotovia-de-poupa e a pega-rabuda. Vale a pena inspeccionar os bandos de pardais, já que este local é frequentado pelo pardal-espanhol.

Mais para leste, perto da fronteira do Caia, situa-se a Barragem da Alfarófia Nova. A barragem encontra-se vedada em todo o seu perímetro, mas a observação pode ser feita sem dificuldade a partir da estrada. Apesar da sua pequena dimensão, esta barragem é muito interessante para observar aves, devido ao facto de conter abundante vegetação emergente, que serve de refúgio a diversas espécies de aves aquáticas, com destaque para os ralídeos: aqui pode ver-se o caimão, que tem neste local um núcleo isolado de ocorrência, o frango-d’água, a galinha-d’água e o galeirão-comum. Também ocorre na zona a perdiz-do-mar. No que respeita aos passeriformes, este é um bom local para ver a a andorinha-das-barreiras e o rouxinol-grande-dos-caniços e, no Inverno, já tem sido visto aqui o pisco-de-peito azul. Outras espécies observadas nesta zona incluem o garçote e a pega-rabuda. É de assinalar também a ocorrência regular de bandos de bengalis-vermelhos e de bispos-de-coroa-amarela. Os terrenos circundantes, que por vezes se encontram alagados, são frequentados pela garça-boieira, pela cegonha-branca e pelo pernilongo.
Prosseguindo para norte e passando sobre a auto-estrada A6, continua-se por uma estrada municipal e depois de passar sobre a via férrea, vira-se à direita e chega-se ao Rio Caia. Aqui existe muita vegetação emergente, principalmente tabua. Neste local podem ver-se o garçote, o rouxinol-comum, o rouxinol-bravo, o rouxinol-grande-dos-caniços, a felosa-poliglota e o chapim-de-faces-pretas. Por vezes também se observa o bengali-vermelho neste local. Ao longo da estrada é frequente encontrar o abelharuco.

Para oeste de Elvas, merece visita a zona de Vila Fernando. Aqui o habitat é aberto, proprício à ocorrência de aves estepárias, como a abetarda e o rolieiro (ambos actualmente bastante raros) e a calhandra-real. Outras espécies que aqui podem ser observadas incluem a fuinha-dos-juncos, o pintarroxo, o trigueirão e, no Inverno, o abibe e o milhafre-real.

Melhor época: todo o ano

Distrito: Portalegre
Concelho: Elvas
Onde fica: A cidade de Elvas fica no leste alentejano, junto à fronteira com Espanha. A principal via de acesso a partir do litoral é a auto-estrada A6.