O estuário do rio Minho, situado no extremo noroeste de Portugal Continental, forma a fronteira com a vizinha região da Galiza. Embora nos últimos anos tenha sido pouco explorado do ponto de vista ornitológico, esta zona, de clima marcadamente atlântico, merece bem uma visita, pois permite observar diversas espécies interessantes.

O estuário do Minho visto da ponte sobre o rio Coura, com a vila de Caminha à esquerda e a Galiza do lado direito

Visita:

A vila de Caminha, situada na margem do estuário, constitui o ponto de partida para explorar a zona. Na vila propriamente dita existe uma colónia de andorinhões-pretos, que podem ser vistos a voar baixo sobre as casas. Outras espécies que aqui ocorrem incluem a andorinha-dos-beirais e o rabirruivo-preto.
Em frente à vila pode ver-se o estuário do rio Minho. Durante a Primavera o estuário é relativamente pobre em aves, sendo frequentado sobretudo pelas vulgares gaivotas-argênteas, que pousam nos edifícios ao longo da marginal. No entanto, com a chegada do Outono este panorama altera-se, com a chegada de muitas aves aquáticas invernantes e nessa época vale a pena inspeccionar o estuário com vagar. É habitual verem-se alguns corvos-marinhos-de-faces-brancas, bem como garajaus-comuns e diversas espécies de limícolas, das quais as mais frequentes são o maçarico-das-rochas e a rola-do-mar. Outras espécies de limícolas que podem ser vistas neste local são o ostraceiro, o maçarico-galego e o maçarico-real.

Saindo de Caminha na direcção de Valença (pela N13), passa-se a ponte sobre o Rio Coura, podendo estacionar-se logo após a mesma. Aqui a margem do estuário encontra-se coberta por vegetação do tipo herbáceo e é frequente ver-se a garça-branca-pequena, a garça-real e o tartaranhão-dos-pauis. Durante a Primavera, a alvéola-amarela é bastante fácil de observar neste local.

O rio Coura, que desagua no rio Minho, possui boas extensões de caniçal. A visita a este tipo de habitat não é muito fácil, devido à inexistência de infraestruturas de acesso. Ainda assim, é possível chegar junto de algumas manchas de caniçal. Para visitar a margem direita deste rio, deve sair-se de Caminha tomando a N301 na direcção de Paredes de Coura, e virando à esquerda ao fim de 3 km, seguindo a indicação para o campo de jogos. Ao fim de algumas centenas de metros atinge-se o Rio Coura, que aqui é ladeado por uma galeria ripícola bem desenvolvida, havendo também algumas manchas de caniços. Neste local podem observar-se diversos passeriformes, com destaque para a ferreirinha-comum, a felosa-poliglota e o rouxinol-pequeno-dos-caniços. Outras espécies que aqui ocorrem incluem a ógea, a rola-brava e a poupa. O caniçal desenvolve-se ao longo de mais de 1 km para jusante e pode valer a pena explorá-lo – a escrevedeira-dos-caniços ocorre neste local durante a época de reprodução.
Outra possibilidade consiste em visitar a margem direita. Neste caso, deve sair-se de Caminha na direcção de Valença; ao chegar a Seixas, seguir as indicações para Vilar de Mouros e ao fim de 2 km virar à direita por uma pequena estrada com a indicação ‘praia fluvial’; virando novamente à direita pelo Caminho do Fruide, chega-se à margem do rio Coura. Este é um local tranquilo, onde é possível observar várias espécies de passeriformes, com destaque para o rouxinol-pequeno-dos-caniços, a felosa-poliglota, o pardal-montês e o chapim-rabilongo.

Voltando a Caminha e saindo agora para oeste, pela N13, logo após a vila surge a Mata Nacional do Camarido, que se estende até à praia e se prolonga para sul ao longo de cerca de 2 km, até Moledo. Neste pinhal ocorrem o pombo-torcaz, a estrelinha-real, a trepadeira-comum, o chapim-de-poupa, o chapim-carvoeiro, o tentilhão-comum e a escrevedeira-de-garganta-preta. É de assinalar igualmente a ocorrência do tordo-músico durante a Primavera (esta espécie tem uma distribuição restrita como nidificante). Um percurso pedestre a partir do parque de campismo permitirá observar algumas destas aves.

A partir da praia é possível ver uma pequena ilha de areia e rocha, na qual se ergue uma fortaleza – é o forte da Ínsua. Embora seja possível chegar lá de barco, com um bom telescópio é geralmente possível ver as aves que aqui se encontram pousadas. No Inverno os corvos-marinhos-de-faces-brancas são uma presença quase certa, enquanto que na Primavera a zona é frequentada sobretudo por gaivotas-argênteas e, ocasionalmente, por pequenos bandos de ostraceiros.

Melhor época: Abril a Junho para aves terrestres; Setembro a Março para aves aquáticas

Distrito: Viana do Castelo
Concelho: Caminha
Onde fica: cerca de 90 km a norte do Porto e 25 km a norte de Viana do Castelo. O acesso a partir de ambas estas cidades é feito pela auto-estrada A28.